sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fonte: G1 Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 351/2009, de autoria do Senado, que prevê facilitar para a União, estados, Distrito Federal e municípios quitar suas dívidas atrasadas.

Confira abaixo qual a regra atual e o que pode mudar se a PEC entrar em vigor.

A estimativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é que os precatórios em todo país somem R$ 100 bilhões. São ações que tramitaram na Justiça Comum ou na Justiça do Trabalho e que as pessoas ou empresas ganharam. Foi expedido um precatório, mas quem obteve a vitória na Justiça não consegue receber. Há casos de precatórios com mais de 30 anos que estão pendentes de pagamento, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Veja ao lado reportagem do "Jornal Nacional" sobre precatórios

A PEC ajuda os governos porque oferece ou a opção de estender o pagamento em 15 anos ou de efetuar leilões. Ou seja, quem tem dinheiro para receber da administração municipal pode tentar vender os precatórios oferecendo descontos.

O advogado tributarista Marcelo Lobo, da comissão de precatórios da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), disse que os leilões são um dos pontos mais polêmicos da PEC.

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    Os credores não podem se sujeitar a disputar entre si, oferecendo descontos ao poder público para receber as migalhas dos devedores. É inadmissível ter decisão judicial e ela ser leiloada para fazer com que o autor receba parte do dinheiro."

"Os credores não podem se sujeitar a disputar entre si, oferecendo descontos ao poder público para receber as migalhas dos devedores. É inadmissível ter decisão judicial e ela ser leiloada para fazer com que o autor receba parte do dinheiro. Você tem a questão inconstitucional. Você vai obrigar que aposentados e pensionistas leiloem descontos, briguem oferecendo maiores descontos para ver quem vai receber", diz Lobo.

No começo do mês, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Mozart Valadares, afirmou, em visita à Câmara dos Deputados, que a PEC pode prejudicar pessoas que aguardam há anos para receber o valor do precatório.

Segundo o site da entidade, "na visão da associação, é inadmissível que uma decisão judicial transitada em julgado seja desrespeitada e que os credores brasileiros sejam prejudicados ao não receberem valores que lhes são de direito".

O leilão já estava previsto na PEC aprovada no Senado e os deputados incluíram ainda a possibilidade de câmaras de conciliação, para que as partes entrem em acordo. Para funcionar, porém, as câmaras vão precisar de regulamentação específica.

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    Por que não permitir que a negociação seja feita por estados e municípios? O leilão é público, participa quem quiser. Se a pessoa achar que vai vender barato demais, não vende."

A favor do leilão

O deputado Eduardo Cunha, relator da PEC, diz que não há motivo para criticar o leilão dos precatórios, uma vez que "só entra quem quiser". "Por que não permitir que a negociação seja feita por estados e municípios? O leilão é público, participa quem quiser. Se a pessoa achar que vai vender barato demais, não vende. Ninguém será obrigado a participar."

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, considera a PEC como um "avanço importante". Para ele, a criação de leilões vai reduzir o mercado paralelo de comercialização de precatórios.

"Não tem negócio no Brasil de maior rentabilidade do que o precatório. No ano passado teve uma correção de 23,5%. Isso frente a uma inflação de 4%, 5%. Nada melhor que ter precatório", diz Ziulkoski.

"Quem não quer leilão é quem não tem interesse de receber logo. Se a pessoa pode vender para uma empresa privada que vai lucrar com isso, porque não para o governo? Quem vai ganhar é o cidadão porque vai sobrar dinheiro para outros investimentos", completa o presidente da CNM.

Contraponto

O tributarista Marcelo Lobo tem uma avaliação oposta. Para ele, se a PEC vigorar apenas vai aumentar o mercado paralelo de compra de precatórios, uma vez que as empresas especializadas vão oferecer um valor mais elevado que o governo e aguardar para receber a quantia integral com juros e correção.

Lobo diz ainda que o grande problema atualmente é que os governos devedores não cumprem a obrigatoriedade de colocar no orçamento a totalidade do que deve - o poder público não pode efetuar diretamente o pagamento de dívidas judiciais sem que haja previsão no orçamento. Quando a Justiça determina o pagamento, isso deve constar do orçamento para o ano seguinte.

"Nem sempre eles colocam no orçamento. Se colocam, nem sempre executam a obrigação orçamentária. E o terceiro ponto é que não pagam porque não existe vontade política", diz Lobo.

Plenário

De acordo com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), relator da PEC, a proposta deve ser votada no plenário na próxima quarta-feira (4). Se for aprovada pelos deputados, a PEC, que já foi votada no Senado, volta a ser analisada pelos senadores.

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    Se o Senado aprovou do jeito que veio para Câmara, acredito que a PEC não encontrará dificuldades. Está muito mais aprimorado agora."

Se passar no Senado, entra em vigor sem necessidade de sanção presidencial, uma vez que se trata de mudança na Constituição Federal.

Cunha afirmou que há expectativa é de aprovação no plenário da Câmara. No retorno da PEC ao Senado, o deputado também não prevê dificuldades. "Se o Senado aprovou do jeito que veio para Câmara, acredito que a PEC não encontrará dificuldades. Está muito mais aprimorado agora." http://suzana-meirelles.blogspot.com/

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