quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
A responsabilidade da mulher no abuso sexual
Nos últimos tempos temos ouvido muito sobre
o abuso contra a mulher e a necessidade de haver penas mais severas para este,no que concordo plenamente.
São abusos de toda ordem,não só sexual.
Há vários fatores que contribuem para isto,mas quero enfocar a responsabilidade da mulher neste machismo ,que crê que tudo pode por ser homem,e assim conciderar-se superior.
Quem moldou o caráter deste homem,em primeira instância,foi uma mulher,com quem estabeleceu sua primeira relação afetiva,a mãe.
Mas que mãe é esta?
Um mulher criada num ambiente acolhedor e respeitoso,formando um ser humano seguro, de
boa autoestima,afetiva,e feminina?
São raras as mulheres que teem esta sorte.
A maioria são criadas por mulheres que,seja por dependência econômica,afetiva,ou influência religiosa,introjetou esta moral machista,aceitando-a naturalmente.
Mesmo odiando serem subjulgadas pelo pai,marido e irmão,nada fazem para se rebelar contra isso e assim repetem o modelo.
Então se a mulher é desrespeitada,abusada sexualmente,bulinada,etc,"algum motivo ela deve ter dado."
Quando aconteceu comigo,não escondi de ninguém o fato,mas até hoje todos sentem-se incomodados em ouvir-lo.
.Soube quem ,era,um pedreiro da obra ao lado,que sabia onde eu morava.Este aparentemente foi o motivo de eu não fazer a denúncia.Por medo da vingança dele,ou pior,da reação do meu pai e de um dos meus irmãos.Imediatamente intensifiquei minha terapia com outras corporais.mas nesta época achava "feio" demonstrar raiva.Coisas que mamãe sempre me ensinou ser pecado.
Também não aceitava o fato de que fariam com ele na cadeia,o mesmo que fizera comigo.Eu não conseguia sequer admitir esta hipótese,pois havia sentido na pele a dor desta violência
Anos depois em um Workshop tive uma catarse e me dei conta de que era EU quem GOSTARIA de te-lo matado,e mais ninguém.
Hoje sei que desenvolvi Pânico(doença que nem se falava na época) e minha depressão endógena em fim aflorou,depois deste ataque..
Ainda bem que sou inteligente,estudei,fiz 30 anos de terapia,e não tenho o menor problema com a minha sexualidade,a qual gosto muito de exercer.Nem com os homens,desde que não sejam machista,egocêntricos,inseguros e vaidosos.
Mas, do que nunca me refiz,nem esqueci,nem perdoei,foi da reação de minha "querida mamãe"ao saber do estupro.
.Como foi num fim de semana em que eu estava sozinha em Ubatuba e ela em SP,não soube na hora.Pedi que deixassem que eu contasse,à ela
pessoalmente,para tranquilizá-la quanto ao fato de que pelos menos fisicamente eu estava bem.
Aqui um detalhe importante:O fato aconteceu num entardecer.Decidi caminhar pela praia,,depois de horas trabalhando sobre um relatório.Fumar um cigarro,curtir o entardecer, estava até compondo uma canção,qdo ele se atirou sobre mim.
Pois bem vamos a reação de minha mãe,as primeiras palavras dela,depois de eu contar com todo cuidado nas palavras ,para não chocá-la.
" Mas também pudera,você estava de maiô!"
Tenho certeza absoluta que para mim, este foi o verdadeiro e indelével ESTUPRO!.
.Neste dia matei minha mãe.dentro de mim.
http://suzana-meirelles.blogspot.com/
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2 comentários:
Olá,Suzana.
Acho esse assunto muito complexo para ser apenas "comentado" ele rende horas,talvez até dias,de muito debate.
Assim,a priori,o que posso dizer é que punição talvez não seja a palavra mais exata para resolvermos um assunto tão complexo.
Como vc mesma citou,envolve muita coisa até chegar no abuso propriamente dito.
São casos e casos.
Não gosto muito de nada que defina algo como absoluto e irreversível,até pq preciso acreditar que todo ser humano tem "cura".
Compartilho da ideia de que o abusado ,sendo vítima ou não,sempre ficará com algum tipo de sequela (e aí não me refiro apenas a abusos sexuais).
Enfim,o assunto é polêmico e merece uma atenção muito grande,não seria leviana expondo um comentário curto e imcompleto.
Beijos,
Bia e Vinni
su!
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imagino q tenhas vivido a situação décadas atrás, ok? e vou deixar um comentário que talvez as colegas do post anterior não aceitem, mas as respeito em sua opinião que não é conforme a minha.
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vc se expôs e a admiro por isso. q não seja a punição a solução para quem viveu o q vc viveu, concordo. mas lembro qta reincidência existe entre os que cometem o abuso. e de todas as classes sociais. ex: o tal médico que abusou de 59 assumidas clientes e que nada lhe aconteceu.
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com certeza foi buscar a sua "cura" em algum paraiso porrai. e das 59, talvez alguma seja mãe de um filho dele. quem sabe? a nossa omissão hj em não opinar, na minha opinião, é de alguma forma, fugir da questão que envolve a saúde da mulher, em todos os sentidos, a começar pelo do direito machista que nos corroe.
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o assunto "mulher" deve sim, ser minimamente comentado em um post. e sem medo de ser leviana ou precisar não digo de horas, mas de décadas ou o tempo q for para falar sobre ele, eu me sentiria omissa e até conivente com o machismo existente em nós - mulheres. a nossa "cura" passa pela aceitação de q temos que nos ver sim, como mulheres fruto dessa sociedade que brinca de legislar a respeito de direitos da mulher.
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simples assim: direitos dos homens precisam de uma lei específica? pq não? porque o direito lhes é garantido até por nós, mulheres. o que sua mãe lhe disse, muitas mães hoje o dizem, ao mesmo tempo em q criam suas filhas-objeto para o macho de um baile funk, de uma rave, de uma revista, etc.
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aguardo pela nossa cura "feminista" mesmo se for considerada leviana ou outra coisa qquer.e perdoe sua mãe - uma mãe de décadas atrás. e siga! obrigada pelo espaço. beijão!
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