terça-feira, 20 de abril de 2010

Mercado dos Precatórios

- + - O Estado de S.Paulo
Com a Emenda Constitucional 62, de dezembro, que estabeleceu regras mais claras - mas nem por isso justas - para as dívidas judiciais da União, Estados e municípios, ampliou-se o mercado de precatórios, com o surgimento de novos fundos de direitos creditórios (FDICs) especializados nesses ativos. Trata-se de um mercado de dívidas estimadas em mais de R$ 100 bilhões, resultantes de calotes e da procrastinação dos pagamentos de obrigações já reconhecidas pela Justiça, por parte do poder público.


Ao longo de décadas, governadores e prefeitos desapropriaram imóveis e bens de indivíduos e de empresas para a realização de obras e não pagaram, ou não cumpriram obrigações líquidas e certas, transferindo a responsabilidade para os sucessores, que se comportaram da mesma forma, enquanto se acumulavam os débitos com credores legítimos.

Os precatórios simbolizam, portanto, o desrespeito da União, inclusive do INSS, de Estados e de municípios à Justiça e aos credores. Instados a pagar tanto os precatórios alimentares, relativos a salários não pagos ou a indenizações por morte e incapacidade, como os precatórios não-alimentares, em geral referentes a desapropriações, os entes federados pura e simplesmente ignoraram a ordem judicial. Há casos de atraso de pagamento de 25 anos.

Pela Emenda 62, os governos têm de destinar uma parcela de sua receita corrente líquida para pagar os precatórios ou quitar a dívida em 15 anos, destinando no mínimo 50% do valor para quitação dos precatórios por ordem cronológica e até 50% para negociação com o credor ou por leilão, ou ainda venda a terceiros. Os juros pelo atraso foram fixados em 6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR). Na prática, é possível até pagar anualmente precatórios no montante de 1% a 2% da receita de Estados e municípios, o que somente poderá beneficiar os sucessores do credor, que não terá tempo para receber a dívida.

Dadas as incertezas relativas à quitação dos precatórios, esse mercado era animado quase que exclusivamente por escritórios de advocacia, mais qualificados para avaliar a possibilidade real de recebimento e em que prazo.

Três novos fundos de precatórios surgiram no início deste ano, lançados por um banco de investimento e uma distribuidora de valores, e um quarto fundo está em avaliação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), prevendo-se uma captação total de R$ 1,9 bilhão.

"Para criar um fundo lastreado nesses precatórios, é preciso calcular o preço a ser pago hoje para a compra do precatório com base na data de recebimento", disse um advogado citado em reportagem do jornal Valor, terça-feira. "A escolha por uma ou outra forma de pagamento altera completamente o preço pago", explicou.

Segundo a reportagem, os precatórios chegam agora a ser adquiridos por FDICs por 70% do valor de face - enquanto antes das regras o preço beirava os 30% do valor de face (ou seja, os vendedores davam deságio de 70% para receber antecipadamente o que lhes era devido). A diferença entre o valor de mercado e o valor de face deve cobrir o prazo e o risco de calote ou da mudança das regras de pagamento por Estados e municípios.

Para os investidores, os riscos são evidentes: um dos fundos de precatórios citado na reportagem apresentou, em 2009, uma rentabilidade de 14,62%, enquanto outro fundo mostrou, no mesmo período, um prejuízo de 13%.

Os beneficiários dos precatórios continuam a ser as empresas que têm dívidas com o Fisco e obtêm liminares na Justiça para quitar as obrigações mediante a entrega de precatórios. Desde dezembro, é permitida a cessão de precatórios a terceiros, o que facilita a venda dos títulos a empresas que querem usá-los para pagar débitos tributários sem ir à Justiça.

Mas as novas regras permitiram a uniformização das dívidas, o que facilita a comparação entre os diversos precatórios. Mas o fato é que os credores de precatórios continuam sendo vítimas da imprudência e da má-fé de governantes.

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domingo, 18 de abril de 2010

Meu primeiro dia de Outono

Hoje abri minhas janelas e deixei o sol do outono entrar.
Não sei a quantos dias e quantas estações não o percebia!
Convidei amigos para uma feijoada.beijei meu filho e sorri quando foi feliz prá rua,curtir suas emoções de adolescente,entre jogos e meninas!
Consegui colocar um CD depois de meses de silêncio.
Comentei em alguns blogs.
Vesti um vestido rosa alegre,me maquiei e fui preparar o almoço para receber as pessoas.
Coisas tão simples de se fazer,mas muito difícil pra quem te um desencontro de neurotransmissores....
O dia já terminou,a noite chegou,meu time perdeu,mas o Santos jogou,tão alegre,tão solto e tão bonito,que fiquei feliz por aqueles garotos!
Meu filho acabou de chegar em casa,feliz,e agora está tocando seu violão.
Agora vou assistir minha mesa redonda de futebol e depois dormir.
Amanhã retorno à consulta com meu novo Psiquiatra.Acho que vou dar um beijo de agradecimento nele,rsrsrs.

terça-feira, 30 de março de 2010

Mas eu defendo meu filho

Recebi como sendo do próprio pai;
Mas eu defendo meu filho
com todo sangue que tenho
eu defendo essa carne
com tudo que trago dentro.

Pouco me importa a pátria
generais e presidentes
eu defendo meu filho
com garras, unhas e dentes.

Mas eu defendo meu filho
com todo o ódio que tenho
o defendo dessa farsa
o liberto desse empenho.

Mas eu protejo meu filho
de todas as vossas armas
escarro nas vossas caras
o afasto de vossas tramas.

Mas o meu filho eu defendo
com o meu próprio corpo
por cima do meu cadáver
terão o meu filho morto.

FORÇA E HONRA FILHO DO POVO, MEU FILHO!

Marco Dourado. (Pai de Marcelo Dourado)
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segunda-feira, 29 de março de 2010

Morre Armando Nogueira

Extremamente triste!!!!
A Copa deste ano ano não será a mesma!!! http://suzana-meirelles.blogspot.com/

domingo, 28 de março de 2010

Mendes ameaça intervir em Estados devedores

Mariângela Gallucci / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ameaçou colocar em votação no plenário da corte pedidos de intervenção contra seis Estados que não estão em dia com o pagamento de precatórios.

Mendes deu um prazo de 15 dias para que os Estados apresentem um cronograma detalhado para pagamento das dívidas decorrentes de decisões judiciais. Se isso não for feito, colocará os processos em votação.

O campeão em pedidos de intervenção é São Paulo. Tramitam no Supremo 23 pedidos contra o Estado, que totalizam pelo menos R$ 6.307.125,06. Mas as dívidas do Rio Grande do Sul são maiores. Os precatórios que levaram aos pedidos de intervenção somam R$ 25.675.386,43, sendo que R$ 25.249.763,55 são cobrados por apenas um credor.

Existem processos também contra os Estados de Goiás, Paraná, Paraíba e Espírito Santo.

"Não é possível justificar o não pagamento de créditos, muitas vezes de natureza alimentícia, apenas com alegações genéricas de falta de recursos materiais", disse Gilmar Mendes. "É necessário um esforço conjunto dos poderes no sentido da organização financeira e do adimplemento das dívidas financeiras que o Estado contrai com a sociedade."

Ações trabalhistas. Todos os precatórios de São Paulo são decorrentes de decisões judiciais em ações trabalhistas movidas contra órgãos como o Departamento de Estradas de Rodagem, o Hospital das Clínicas, a Fundação Casa e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Em dois processos não aparecem os valores dos precatórios.

Em seu despacho, Gilmar Mendes informou que o Estado de São Paulo reforçou "o caráter involuntário do inadimplemento", mas alegou não ter encontrado nas informações prestadas dados que comprovem a falta de condições financeiras para cumprir as obrigações.

"O Estado de São Paulo não apresentou o detalhamento das razões que obstariam o pagamento dos precatórios objetos destes pedidos de intervenção federal", disse Gilmar Mendes.

Se o cronograma de pagamento não for apresentado no prazo, os processos devem ir para votação. O objetivo do presidente do STF é resolver o assunto antes de deixar o cargo, em 23 de abril. http://suzana-meirelles.blogspot.com/

sexta-feira, 12 de março de 2010

Emenda 62: doentes e idosos devem ter preferência

ConsultorJurídico
Por Cláudio Sérgio Pontes

Diante da entrada em vigor da Emenda Constitucional 62/09, tornam-se necessárias medidas práticas para a efetividade da atual regra jurídica que dá a possibilidade de um regime especial para pagamento dos precatórios. Ressalta-se que a Emenda, em alguns aspectos, alterou definitivamente a regra dos precatórios à luz do artigo 100 da Carta Magna e, sob outros enfoques, em caráter transitório, possibilitou ao devedor um regime especial para quitar a dívida (artigo 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

Em razão do novo regime instituído, o Estado de São Paulo passará a disponibilizar para pagamento de precatórios judiciais 1,5% da receita corrente líquida. Deste valor, 50% serão destinados ao pagamento de acordo com ordem cronológica do precatório, com preferência ao alimentar e observância das prioridades estabelecidas na legislação em questão.

A outra metade dos recursos (50%), a critério de conveniência do governador do Estado, poderá ser utilizada para pagamento dos precatórios mediante leilão, acordos em câmara de conciliação ou por ordem crescente de valor.

A primeira alteração relevante no sistema de pagamento de precatório diz respeito à gestão dos recursos destinados ao pagamento dessas dívidas. No que tange ao regime especial os recursos disponibilizados pelo executivo para adimplemento dos precatórios deverão ser depositados em contas especiais, que serão executadas pelo Tribunal de Justiça.

Assim, no Estado de São Paulo, a primeira medida efetiva do presidente do Tribunal de Justiça do estado em respeito à sua responsabilidade funcional, foi indicar aos entes devedores as contas especiais nas quais os depósitos devem ser realizados.

No entanto, a providência não resolve a questão, pois o ato do Poder Executivo em disponibilizar o recurso em conta especial não é suficiente para efetivação do pagamento, que ainda dependerá de estruturação das novas listas de ordem, respeitando preferência, antiguidade e natureza do precatório.

Alerta-se que a insuficiência de recursos financeiros para liquidação imediata de todos os precatórios dos credores preferenciais não impede o início do pagamento obedecendo rigorosamente a ordem constitucional, apesar da inexistência de estrutura adequada. Portanto, o cumprimento da regra constitucional deve se iniciar pelo pagamento aos credores alimentares portadores de doença grave ou com sessenta anos ou mais, por ordem de antiguidade de precatório.

Outra questão relevante na Emenda Constitucional 62/09 é a que possibilita a utilização de até 50% dos recursos para cumprimento de precatório por leilão, ordem crescente de valor ou conciliação. O Governo do Estado, no Decreto Estadual 55.300/09, ressalvou que a forma de utilização desse percentual do recurso será informado oportunamente, a critério de sua conveniência.

O ordenamento constitucional estabelece prioridade ao pagamento de precatório de natureza alimentícia em decorrência de idade, com 60 anos ou mais, e de doença grave. A princípio denotam-se prioridades absolutas que, entre elas, será necessário estabelecer uma ordem, vez que o recurso disponível não será suficiente para atender a demanda.

A Emenda estabelece que portadores de doença grave, definidas em lei, terão preferência ao pagamento do precatório alimentar até o limite do triplo fixado para o crédito de pequeno valor, que é de R$ 18.641,43.

Enquanto não houver lei específica para definir “doenças graves”, é perfeitamente razoável a aplicação do disposto na Lei Federal 7.713/88, que em seu artigo 6º, inciso XIV, apresenta rol de doenças consideradas graves para fins de isenção tributária.

No entanto, outras hipóteses não abrangidas na legislação e não reconhecidas administrativamente poderão ser tratadas diretamente nos autos da execução, mediante provocação da parte, com comprovação da existência da enfermidade. Se houver convencimento do Juízo, ele poderá requisitar a inclusão na lista de pagamento com preferência sobre todas as demais hipóteses, por ordem de antiguidade na eventual escassez de recurso.

Outra situação a ser observada diz respeito à preferência dos credores alimentares portadores de doença grave em relação aos idosos. Por se tratar de expectativa de vida, é razoável que o portador de doença tenha preferência ao de idade independentemente da antiguidade do precatório.

O critério da idade é estritamente objetivo: o credor deve ter 60 anos ou mais até a data da promulgação da Emenda, nos casos dos precatórios vencidos, ou até a data da expedição, nos futuros.

Acrescente-se que o benefício da preferência no pagamento poderá ser extensível aos sucessores, desde que o credor originário preencha os requisitos de idade ou doença à época de sua morte.

Portanto, numa interpretação sistemática é possível extrair a seguinte ordem de pagamento:

1º credor alimentar portador de doença grave, por ordem de apresentação de requisição judicial que reconhece tal prioridade ou antiguidade de precatório quando já reconhecido administrativamente;

2º credor alimentar com sessenta anos ou mais, por ordem de antiguidade do precatório;

3º ordem cronológica de apresentação do precatório com preferência ao alimentar para os precatórios do mesmo ano.

O texto constitucional é cristalino no sentido de que a opção pelo regime especial de pagamento de precatório não inclui o crédito de pequeno valor, que, portanto, continua a ser regulamentado, no âmbito do Estado de São Paulo, pela Lei Estadual 11.377/03.


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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Espiritualidade e Ciência

Espiritualidade e Ciência

A INTERDEPENDÊNCIA ENTRE ESPIRITUALIDADE, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Introdução às Doenças Psicossomáticas
RESUMO

O médico deve ser um cientista, conhecer em profundidade a medicina acadêmica, mas não pode ignorar a influência dos aspectos psicológico e social no desencadeamento das doenças no indivíduo. Não podemos olvidar que as doenças são manifestações do indivíduo doente e não o contrário. É no indivíduo doente que a medicina psicossomática focaliza seus estudos, pois é ele quem determina a forma de apresentação e variações das diversas patologias.

Por intermédio do diagrama da interdependência entre mente, corpo e aspecto social e da discussão da trilogia: medicina somática, medicina psiquiátrica e medicina psicossomática, concluímos que a visão psicossomática está mais próxima da Espiritualidade, pois privilegia o indivíduo como um todo, em seus aspectos: bio (corpo); psi (alma, mente); social (relações sociais).

Palavras-Chave: Corpo, Espiritualidade, Medicina Psicossomática, Mente, Social.

ABSTRACT

The doctor should be a scientist and should have a deep knowledge into academic medicine, but can not ignore the influence of psychological and social aspects in the trigger of a disease in a person. We can not forget that diseases are manifestations of the individual patient and not vice versa. It is the sick person that psychosomatic medicine focuses its studies. It is he who determines the form of presentation and variations of various diseases.

Through the diagram of the interdependence between mind, body and social aspect and the discussion and the trilogy: somatic medicine, psychiatric medicine and psychosomatic medicine, we can conclude that the psychosomatic view is closer to spirituality, because it focuses on the person as a whole in its aspects : bio (body); psi (soul, mind), social (social relations).

Keywords: Body, Spirituality, Psychosomatic Medicine, Mind, Social.


INTRODUÇÃO ÀS DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS

“Sabemos muito bem que ficamos doentes quando as condições de vida são hostis, e nos mantemos saudáveis quando são favoráveis”

Hipócrates


Antes do breve comentário que faremos da última parte da trilogia médica – medicina psicossomática -, referimos que as medicinas somática e psiquiátrica atuam visando prevenir, atenuar e, se possível, curar as doenças, tendo uma abordagem apenas somática do indivíduo. Por sua vez, a medicina psicossomática procura o entendimento integral, não separa a unidade mente-corpo.

Achamos que o médico deve ser um cientista, conhecer em profundidade a medicina acadêmica, mas não pode ignorar a influência dos aspectos psicológico e social no desencadeamento das doenças no indivíduo.

Na atualidade, o médico tem à sua disposição equipamentos de ponta, o que é importante, todavia em tal nível de sofisticação, parece faltar uma correspondente otimização na compreensão da pessoa humana. As técnicas apresentadas nas áreas emocional e social não têm sido desenvolvidas na mesma intensidade. Desse modo as três partes do existir humano – corpo, mente e social – os esforços diagnósticos e terapêuticos têm sido concentrados praticamente na área corpórea.

Não podemos olvidar que as doenças são manifestações do indivíduo doente e não o contrário. É no indivíduo doente que a medicina psicossomática focaliza seus estudos, pois é ele quem determina a forma de apresentação e variações das diversas patologias.

Na atualidade a maioria dos médicos não tem tempo para ouvir seus pacientes, não usa o diálogo como terapia; deveria além de comprovado saber científico, possuir a capacidade do verdadeiro “doutor”, dar como primeiro remédio atenção e compreensão, para a seguir entrar com o arsenal medicamentoso, próprio de seus conhecimentos acadêmicos. Alguns colegas alegando cientificismo hi-tech são céticos ao poder do diálogo como terapia, de dar atenção e ser solícito com o paciente e seus familiares.

Remontando a OMS (Organização Mundial de Saúde) a qual defende a tese que saúde não é apenas ausência de doença, mas completo bem estar físico, psíquico e social. O indivíduo deve ser analisado de forma global, irredutível, de maneira não fragmentada, o que não vem acontecendo.

Quando por intermédio de perfeita diagnose chegamos à conclusão que este ou aquele órgão encontra-se alterado devemos, antes de qualquer atitude, entender que o achado clínico reflete a enfermidade do indivíduo. Não é o órgão que adoeceu, mas sim o paciente como um todo, e o órgão afetado é o alarme orgânico, o órgão de choque (órgão alvo) sinalizando que o indivíduo doente manifesta a doença.

Negando a hipervalorização dada, as doenças somáticas e psíquicas isoladas, pois temos certeza que a mente, o corpo, o social e o cultural formam uma unidade, são inseparáveis.

Tendo como intenção objetivar o que afirmamos sucintamente, relataremos o histórico (adaptado ao texto) sobre a enfermidade de um indivíduo que tivemos oportunidade de tratar.

Paciente do sexo masculino, 45 anos, aparentando bom estado geral com queixa de desconforto abdominal, há seis meses.

Após minuciosa anamnese e interrogatório de praxe, nada pudemos acrescentar à sua queixa. O paciente era introvertido, não colaborava e respondia com monossílabos aos nossos questionamentos. Esfregava as mãos continuamente, com a face tensa demonstrando ansiedade e contrariedade. Serenamente, sem irritação, explicamos a necessidade de ele responder as nossas perguntas as quais proporcionariam o diagnóstico e a terapia adequada. O paciente sentiu-se mais confiante, e arriscou uma pergunta: por que você me faz questionamentos que não tem relação com a doença? Explicamos a ele que a doença além dos fatores corpóreos possui os da mente e do cotidiano.

Do breve comentário, podemos deduzir que os pacientes não falam com seus médicos além de seus sintomas físicos. Não acham necessário falar sobre seus pensamentos, sentimentos, crises financeiras, crises afetivas, etc. O médico atuante na medicina psicossomática saberá como motivar o paciente a dialogar, começando aí, na terapia do diálogo, o processo de retorno ao equilíbrio, ao natural.

Continuando a anamnese, concluímos não haver história prévia e nem atual de etilismo (era abstêmio), tabagismo ou outros hábitos. Na história familiar, apenas o avô paterno estava com 93 anos e apresentava hipertensão arterial (?)...

No exame físico, digno de nota, fígado palpável a 2 cm do rebordo costal direito, indolor e mole.

Nos exames complementares solicitados, constatamos pequenas alterações bioquímicas na função hepática. Como o quadro de desconforto abdominal se agravara, estando a crase sangüínea normal, optamos por uma biópsia, sendo o diagnóstico anatomopatológico de cirrose hepática (desarranjo da citoarquitetura das células hepáticas).

Não havia nada que justificasse o quadro clínico, pois como afirmamos, até então, o paciente jamais havia procurado o concurso médico. Afastáramos quadro infeccioso prévio (hepatite), quadro imunológico (doença auto-imune). Então pensamos em fígado reacional, mas por quê?

Conversando com o paciente, esposa, filhos e genitores que eram vivos e gozando de “plena saúde” muito sutilmente, dissemos que seus hábitos, comportamento colérico, irritável e essencialmente atrabiliário poderia ser o fator predisponente, etiológico da cirrose hepática.

Realmente, em sua personalidade atrabiliária estava a causa da doença, pois esta era simples manifestação de seu comportamento em relação à própria vida. O comportamento irritável, além de fazê-lo doente, havia iniciado um processo de alterações morfológicas em órgãos-alvo como fígado, coração e rins (interligados na fisiologia dos fluidos invisíveis).

Nas entrevistas que tivemos posteriormente com o paciente, após resultado do exame anatomopatológico do fígado, lhe explicamos que seu comportamento era a causa fundamental de sua doença. Também lhe dissemos que mudando seu comportamento, e nisto o ajudaríamos, poderia encontrar a cura não só do fígado, mas de seu corpo e de sua alma.

O princípio mais importante desta abordagem é o de propor ao paciente que uma análise das partes nunca pode proporcionar uma compreensão do todo, uma vez que o todo é definido pelas interações e interdependências das partes. As partes da unidade não mantém sua identidade quando estão separadas de sua função e lugar no todo.

Antes de apresentarmos o diagrama da interdependência entre os aspectos mental, corporal e social que proporciona uma diagnose e terapêutica seguras, salientamos que o diagnóstico se apóia na tríade: anamnese (entrevista); exame físico (geral e especial) e exames subsidiários ou complementares (bioquímicos, imagens, etc).

Diagrama da interdependência entre aspectos mental, corporal e social

1º aspecto: dissociação

2º aspecto: conexão parcial

3º aspecto: interação

4º aspecto: unidade tripartite

5º aspecto: unidade biopsicossocial

No primeiro aspecto, expresso no diagrama, há completa dissociação entre corpo, mente e social. O paciente se apresenta com a linguagem do corpo (sintomas), olvidando os aspectos mental e social. Representa a maioria dos pacientes. Ex.: “Doutor tenho pedra nos rins”.

No segundo há uma conexão parcial entre mente, corpo e o social, mas de superfície. O paciente já demonstra sensibilidade, percebe que sua doença depende de outros fatores além do corpo. Ex.: “A angústia dá-me dor no peito”.

Na interação, o terceiro aspecto, demonstra um entrelaçamento entre corpo, mente e o social. A prevalência é do corpo seguido da mente e por último o social. Ex.: “Terminei o namoro e a tristeza piorou minha TPM”.

Na unidade tripartite admite-se que a doença é uma tríplice manifestação em proporções iguais dos três fatores, já aludidos. Esta unidade tripartite é percebida pelos médicos ou curandeiros que entendem a doença como um desequilíbrio ou desarmonia de um ou mais fatores.

O quinto aspecto, unidade biopsicossocial, é praticada pelos médicos capacitados na medicina biopsicossocial, que acreditam na convergência entre corpo, mente e meio externo ou social.

Depois do diagrama da interdependência entre mente, corpo e aspecto social e da discussão da trilogia: medicina somática, medicina psiquiátrica e medicina psicossomática, concluímos que a visão psicossomática está mais próxima da Espiritualidade, pois privilegia o indivíduo como um todo, em seus aspectos: bio (corpo); psi (alma, mente); social (relações sociais). Esperamos com isso ter proporcionado conhecimentos introdutórios sobre fundamentos que iremos discutir da medicina complementar ou integrativa em convergência com a medicina popular, pois quando necessário recorreremos à trilogia médica.

Esperamos não tangenciar, vamos para o centro, promovendo a terapia do diálogo ou diálogo como terapia não somente entre médicos e pacientes, mas entre as “várias medicinas”, que não descaracterizam a nobre arte de Hipócrates, fazendo-a convergir com a medicina popular propugnada pelos curandeiros, juremeiros, erveiros, mateiros, rezadeiros, benzedeiros e feiticeiros há milhares de anos.

Citando feiticeiros, curandeiros, rezadeiros e outros, somos remetidos à Espiritualidade que, mais uma vez insistimos, ser inerente a todo ser humano independente de ser ou não religioso.

A Espiritualidade transcende as religiões embora esteja em todas elas, sem exceção. Temo-La como a ciência de SER ESPÍRITO. No léxico encontraremos Espiritualidade com vários significados com o qual concordamos, mas ousamos acrescentar o tão discutido em nosso blog.

Também afirmamos como pressuposto que a Espiritualidade é o inconsciente profundo, exaustivamente discutida nos vários textos postados. Associamos o inconsciente profundo como sendo um espelho imerso no barro. Obvio que não cumprirá sua função, qual seja a de refletir a luz, a imagem. O barro ou a lama associamos ao inconsciente superficial. Portanto, remover ou fragilizar as camadas de barro (inconsciente superficial) devolvem ao espelho sua natureza primeva, refletir a luz, permitir, observar a “imagem”.

Concluímos que para acessar a Espiritualidade, precisamos vencer a “barreira” do inconsciente superficial. Em tese, o pressuposto, é claro e simples, todavia não é tão fácil. Por quê?

Imaginemos estar à procura de um tesouro (cofre). Quais as etapas que devemos cumprir? Primeiro, saber o local exato onde se encontra; segundo, ao encontrá-lo, saber a senha para abri-lo (decodificação); terceiro, iniciar a operação de abertura (tradução); quarto, o que esperamos encontrar, qual riqueza? Surpresa!!! O tesouro está vazio..., é... está vazio, vazio, vazio... Que tal?!?!

Suponhamos que sabemos do tesouro, sua localização, mas não sabemos a senha, muito menos a decodificação e menos ainda a tradução. O que fazer? Violá-lo? Como? Explodindo-o?!?! Se sim, imagine a frustração de encontrar “apenas” o vazio. A Espiritualidade é vazia de concretude; Ela não é nada daquilo que conhecemos como tudo.

As duas suposições apresentadas demonstram de forma alegórica as dificuldades de se acessar o inconsciente profundo. Primeiro precisamos superar o inconsciente superficial, que convenhamos é deveras difícil, esbarrando em tempo ilimitado.

Outro exemplo é o conhecido por todos, Estádio Jornalista Mário Filho – Maracanã. Imaginemo-lo lotado em todas as suas dependências, inclusive o próprio campo de futebol. São milhares de pessoas, as mais diversas personalidades e comportamentos. Pode-se imaginar que a aglomeração de pessoas possa trazer certos tumultos. Quais tumultos?

Primeiro, o locutor do estádio avisa que os portões de acesso a saída estão fechados. Isto ocasiona alguns comportamentos ou atitudes, desde a completa inação à máxima perturbação, conflitos, dilemas, e outros.

Segundo, um novo aviso diz que os portões que permitem a saída foram abertos. Que todos tenham paciência mantenham-se serenos e cooperem entre si, pois isto facilitará a saída.

Terceiro, os que estiverem mais próximos da saída serão os primeiros a deixar o estádio. Os demais demorarão mais tempo em decorrência da distância que se encontram dos portões de saída.

Quarto, há os que não desejam sair e não se importam se estão atrapalhando ou não a saída dos outros.

Acredito ser muita alegoria... Mas o Maracanã, na analogia que fizemos, está relacionado com o inconsciente superficial. O lado de fora do estádio com o inconsciente profundo – a Espiritualidade.

Não temos nenhuma pretensão de ensinar como acessar a Espiritualidade, apenas informamos. Nós como outros, também estamos nos havendo com o nosso inconsciente superficial, portanto não se veja nisso, na informação, que já somos liberados. Nada disso, muito longe.

Por estas e outras escrevemos vários textos. Somos como os ponteiros do relógio, informamos que a hora é esta. É hora de tangenciar uma vez somente e, depois definitivamente, se dirigir ao centro – à Espiritualidade.

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá



Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar"

Publicação 13

Bibliografia

Aspectos Psicológicos e Psiquiátricos

* ANDRADE, Arthur Guerra de. ALVARENGA, Pedro Gomes.Fundamentos de Psiquiatria. 1. ed. Barueri: Manole, 2008, 644p.
* AUSIELLO, Dennis. GOLDMAN, Lee. Cecil - Tratado de Medicina Interna - 2 Vols. 23. ed. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2009, 2688p.
* BICKLEY, Lynn S. Propedêutica Médica – Bates. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2005, 928p.
* MURPHY, Michael J. COWAN, Ronald L. Psiquiatria – Murphy – Série Blueprints. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2009, 152p.
* PADRO, Cintra do. VALLE, Ribeiro do. RAMOS, Jairo.Atualização Terapêutica. 23. ed. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 2007, 2400p.
* PAIN, Isaias. Tratado de Clínica Psiquiátrica. 3. ed. São Paulo: E.P.U. Ed, 1991, 370p.
* PINHEIRO, Raimundo. Medicina Psicossomática – Uma abordagem clínica. 1. ed. São Paulo: Fundo Editorial DYK, 1992, 125p.
* PORTO, Celmo Celeno. PORTO, Arnoldo Leme. Semiologia Médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2005, 1356p.
* SÓFOCLES. Édipo Rei. 1. ed. Porto Alegre: L&PM, 2001, 104p.

Aspectos Religiosos

* RIVAS NETO, Francisco. Do Sincretismo à Convergência. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE UMBANDA DO SÉCULO XXI, São Paulo: Faculdade de Teologia Umbandista, 2010.
* RIVAS NETO, Francisco. Sacerdote, Mago e Médico : cura e autocura umbandista: terapia da alma. 1. ed. São Paulo: Ícone, 2003, 493p.
* RIVAS NETO, Francisco. Vídeo-Aula 19: A ciência do Orixá - Parte 2 - Psicanálise e Arquétipos dos Orixás. Disponível em:mms://wm01.mediaservices.ws/ftu12-ondemand/FTU_VIDEOAULA_19.wmv. Acesso em: 20 fev 2010.

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010http://suzana-meirelles.blogspot.com/

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Zilda Arns, meus respeitos!!!


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Que perda meu Deus!
Que mulher!
Que as bençãos de todos os amigos espirituais caiam sobre esta mulher e todo este povo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Pontos de vista de George Carlin sobre envelhecer



Você sabia que a única época da nossa vida em que gostamos de ficar velhos é quando somos crianças? Se você tem menos de 10 anos, você está tão excitado sobre envelhecer que pensa em frações.

Quantos anos você tem? Tenho quatro e meio! Você nunca terá trinta e seis e meio. Você tem quatro e meio, indo para cinco! Este é o lance!

Quando Você chega à adolescência, ninguém mais o segura. Você pula para um número próximo, ou mesmo alguns à frente. 'Qual é sua idade?'

'Eu vou fazer 16!' Você pode ter 13, mas (tá ligado?) vou fazer 16 porra!


E aí chega o maior dia da sua vida! Você completa 21! Até as palavras soam como uma cerimônia: VOCÊ ESTÁ FAZENDO 21. Uhuuuuuuu!

Mas então Você 'se torna' 30. Ooooh, que aconteceu agora? Isso faz Você soar como leite estragado! Êle 'se tornou azedo'; tivemos que jogá-lo fora. Não tem mais graça agora, Você é apenas um bolo azedo. O que está errado? O que mudou?

Você COMPLETA 21, Você 'SE TORNA' 30, aí Você está 'EMPURRANDO' 40. Putz! Pise no freio, tudo está derrapando! Antes que se dê conta, Você CHEGA aos 50 e seus sonhos se foram.

Mas, espere! Você ALCANÇA os 60. Você nem achava que poderia!

Assim, Você COMPLETA 21, Você 'SE TORNA' 30, 'EMPURRA' os 40, CHEGA aos 50 e ALCANÇA os 60.

Você pegou tanto embalo que BATE nos 70! Depois disso, a coisa é na base do dia-a-dia; 'Estarei BATENDO aí na 4ª.. feira!'

Você entra nos seus 80 e cada dia é um ciclo completo; Você bate no lanche, a tarde se torna 4:30; Você alcança o horário de ir para a cama. E não termina aqui. Entrado nos 90, V. começa a dar marcha à ré; 'Eu TINHA exatos 92.'


Aí acontece uma coisa estranha. Se Você passa dos 100, Você se torna criança pequena outra vez. 'Eu tenho 100 e meio!'





Que todos Vocês cheguem a um saudável 100 e meio!!



COMO PERMANECER JOVEM





Livre-se de todos os números não-essenciais. Isto inclui idade, peso e altura. Deixe os médicos se preocupar com eles. É para isso que Você os paga.



Mantenha apenas os amigos alegres. Os ranzinzas, os que só reclamam da vida só deprimem.


Continue aprendendo. Aprenda mais sobre o computador, ofícios, jardinagem, seja o que for, até radio-amadorismo. Nunca deixe o cérebro inativo. 'Uma mente inativa é a oficina do diabo. Trabalhe, estude! E o nome de família do diabo é ALZHEIMER.

Aprecie as coisas simples.

Ria sempre, alto e bom som! Ria até perder o fôlego.

Lágrimas fazem parte. Suporte, queixe-se e vá adiante. As únicas pessoas que estão conosco a vida inteira somos nós mesmos. Mostre estar VIVO enquanto estiver vivo.

Cerque-se daquilo que ama, seja família, animais de estimação, coleções, música, plantas, hobbies, seja o que for. Seu lar é seu refúgio.

Cuide da sua saúde: se estiver boa, preserve-a. Se estiver instável, melhore-a. Se estiver além do que Você possa fazer, peça ajuda.

Não 'viaje' às suas culpas. Faça uma viagem ao shopping, até o município mais próximo ou a um país no exterior, mas NÃO para onde Você tiver enterrado as suas culpas.

Diga às pessoas a quem Você ama que Você as ama, a cada oportunidade.

E LEMBRE-SE SEMPRE:

A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.

Se você não mandar isso para pelo menos 8 pessoas- quem se importa? Mas compartilhe isto com alguém. Todos nós temos que viver a vida ao máximo a cada dia!





A jornada da vida não é para se chegar ao túmulo em segurança em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro meio de lado, totalmente gasto, berrando: "PUTA MERDA, QUE VIAGEM!"


VIVA SIMPLESMENTE, AME GENEROSAMENTE, IMPORTE-SE PROFUNDAMENTE, FALE GENTILMENTE,DEIXE O RESTO PARA DEUS.
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