segunda-feira, 29 de abril de 2013


               A Cura vem de dentro

       Nesta semana que passou recebi a notícia de que meu filho está diabético.
       Não consigo descrever o quão avassaladora foi para mim, num primeiro momento torci para que fosse resultado dos suplementos alimentares que estava tomando para criar músculos ,ou um erro de laboratório.Mas não ,o diagnóstico se confirmou como Diabetes Auto Imune.
    Completamente aturdida corri atrás de informações. Sou destas que só se acalmam quando se inteira do problema e das maneiras como posso resolvê-los. Porém muito nervosa não conseguia reter tantas informações.
       Em meio a minha a dor tive que conter a dor dele, choramos juntos, disse que estava tão perdida e assustada quanto ele,mas que iríamos descobrir os caminhos e que eu sempre estaria com ele nesta caminhada.
   Em primeiro lugar mudar os hábitos alimentares dele (e meus) que sempre foram péssimos. Árdua tarefa que sei vai demorar muito. Tentar não cair na depressão e não deixá-lo cair também, pois já se vê em cima de uma cama, com os pés cortados, ou sem poder  ir à casa dos amigos porque terá que levar os remédios e a injeção de insulina. Portanto já decidindo que teria uma vida curta e prazerosa, pois não via sentido em ter uma vida longa sem prazer, (que no caso é não poder comer hambúrguer, pizza e salgadinhos).Respondi que ele poderia encontrar prazer em novas comidas naturais e que ele tinha vivido até agora pelo prazer,mas que teria que viver agora  pelo amor à ele.Cuidando da sua saúde.
      Fui procurar  correspondência emocional da Diabetes. No caso dele o pâncreas não fabrica a insulina, ele fica com todo o açúcar no sangue,mas não o transforma em energia.daí o cansaço,a falta de objetivo,etc.Pode ser também sofrimentos meus passados para ele,tanto na gestação como em sua vida,além de seus próprios,não o façam encontrar mais a doçura além  de não saber lidar com as sua frustrações.É como ter um fonte enorme de recursos e não ter capacidade de utiliza-los.
   Ele terá que reaprender via terapia. Refazer este caminho, agora de um jeito. Foi uma semana difícil mesmo, pois também pegou uma infecção de garganta com febre alta, elevando mais seu nível de glicemia, o que deixou mais abatido ainda.
  Mas já no sábado foi melhorando com os medicamentos e construiu um skate e ontem saímos para experimentá-lo. Esta mãe gorda e nervosa se animou a caminha  com ele e ainda o filmou (tenho pavor que ele se machuque) lutando contra o desejo insano de colocá-lo numa redoma protetora e com certeza assassina.
 Não dá para descrever a alegria de vê-lo deslizar com seu skate pelas ruas, e depois se alimentando de uma refrigerante diet e um pastel de trigo integral. E, depois de uma semana, dando seu primeiro sorriso!Parece que começou a entender que existem outros prazeres mais saudáveis...
Hoje  quando acordou cedo para ir à escola, saí com ele decidida a fazer uma caminhada. A doença dele  acordou para  a minha!Não posso continuar deprimida e engordando em casa. Tenho que viver com saúde para  poder cuidar dele.,por ele.mas só por  enquanto,pois amanhã quero que seja por mim também.
   A cura está antes de tudo dentro de nós.






 









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sexta-feira, 26 de abril de 2013

O que você fez por você hoje?



Está sentindo-se desmotivado, vazio, sem perspectivas na vida?Esta perdeu a cor e está cinzenta?Faz tempo não sorri, não canta,não dança e só reclama?Já começou a ficar doente?
Então, o que pretende fazer para mudar isto?
Aqui vão algumas dicas: Se dê um tempo, para de preocupar com a vida alheia, com os problemas dos amigos, com as críticas,com os “você tem que” e fique em silêncio.Não é egoísmo não,é uma necessidade urgente de voltar para o seu eixo.
Entre em contato com o seu corpo e com os seus desejos. O que eles estão pedindo?
A quanto tempo não faz isso?
A quanto tempo se ausentou de si ao ponto de nem mais se reconhecer?
Fique em silêncio e se ouça. Procure e redescubra seus recursos internos e os ponha em prática.
Você verá que tem muito e os desperdiça em empreitadas que não te levam a nada.falta método e objetividade.
Identifique seu desejo,seus sonhos,priorize-os ,crie metas e organize –se para concretizá-las.
Você levará um susto ao se dar conta do tamanho do potencial interno que possui,mas não usa.



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domingo, 7 de abril de 2013

Sherazade -Por Rubem Alves



“A arte de amar é a arte de não deixar que a chama se apague. Não se deve deixar a luz dormir. É preciso se apressar em acordá-la (Bachelard). E, coisa curiosa: a mesma chama que o vento impetuoso apaga volta a se acender pela carícia do sopro suave... "As mil e uma noites" são uma estória da luta entre o vento impetuoso e o sopro suave. Ela revela o segredo do amor que não se apaga nunca. ... O corpo é um lugar maravilhoso de delícias. Mas Sherazade sabia que todo amor construído sobre as delícias do corpo tem vida breve. A chama se apaga tão logo o corpo tenha se esvaziado do seu fogo. O seu triste destino é ser decapitado pela madrugada: não é eterno, posto que é chama. E então, quando as chamas dos corpos já se haviam apagado, Sherazade sopra suavemente. Fala. Erotiza os vazios adormecidos do sultão. Acorda o mundo mágico da fantasia. Cada estória contém uma outra, dentro de si, infinitamente. Não há um só orgasmo que ponha fim ao desejo. E ela lhe parece bela. Tão bela. Bela como nenhuma outra. Porque uma pessoa é bela, não pela beleza dela, mas pela beleza nossa que se reflete nela... Conta a estória que o sultão, encantado pelas estórias de Sherazade, foi adiando a execução, por mil e uma noites, eternamente e um dia a mais.
Não se trata de uma estória de amor, entre outras. É, ao contrário, a estória do nascimento e da vida do amor. O amor vive nesse sutil fio de conversação, balançando-se entre a boca e o ouvido. É preciso saber ouvir. Acolher. Deixar que o outro entre dentro da gente. Ouvir em silêncio. Sem expulsá-lo sem argumentos e contra-razões. Nada mais fatal contra o amor que a resposta rápida. Alfange que decapita. Há pessoas muito velhas cujos ouvidos ainda são virginais: nunca foram penetrados. E é preciso saber falar ... Somente sabem falar os que sabem fazer silêncio e ouvir. E, sobretudo, os que se dedicam à difícil arte de advinhar: advinhar os mundos adormecidos que habitam os vazios do outro. As mil e uma noites são a estória de cada um. Em cada um mora um sultão. Em cada um mora uma Sherazade. Aqueles que se dedicam à sutil e deliciosa arte de fazer amor com a boca e o ouvido (estes órgãos sexuais que nunca vi mencionados nos tratados de educação sexual...) podem ter a esperança de que as madrugadas não terminarão com o vento que apaga a vela, mas com o sopro que a faz reacender-se.”
(Rubem Alves)
Rubem Alves falando sobre o amor, através da história de Scherazade e as Mil e Uma Noites... perfeito!
“A arte de amar é a arte de não deixar que a chama se apague. Não se deve deixar a luz dormir. É preciso se apressar em acordá-la (Bachelard). E, coisa curiosa: a mesma chama que o vento impetuoso apaga volta a se acender pela carícia do sopro suave... "As mil e uma noites" são uma estória da luta entre o vento impetuoso e o sopro suave. Ela revela o segredo do amor que não se apaga nunca. ... O corpo é um lugar maravilhoso de delícias. Mas Sherazade sabia que todo amor construído sobre as delícias do corpo tem vida breve. A chama se apaga tão logo o corpo tenha se esvaziado do seu fogo. O seu triste destino é ser decapitado pela madrugada: não é eterno, posto que é chama. E então, quando as chamas dos corpos já se haviam apagado, Sherazade sopra suavemente. Fala. Erotiza os vazios adormecidos do sultão. Acorda o mundo mágico da fantasia. Cada estória contém uma outra, dentro de si, infinitamente. Não há um só orgasmo que ponha fim ao desejo. E ela lhe parece bela. Tão bela. Bela como nenhuma outra. Porque uma pessoa é bela, não pela beleza dela, mas pela beleza nossa que se reflete nela... Conta a estória que o sultão, encantado pelas estórias de Sherazade, foi adiando a execução, por mil e uma noites, eternamente e um dia a mais.
Não se trata de uma estória de amor, entre outras. É, ao contrário, a estória do nascimento e da vida do amor. O amor vive nesse sutil fio de conversação, balançando-se entre a boca e o ouvido. É preciso saber ouvir. Acolher. Deixar que o outro entre dentro da gente. Ouvir em silêncio. Sem expulsá-lo sem argumentos e contra-razões. Nada mais fatal contra o amor que a resposta rápida. Alfange que decapita. Há pessoas muito velhas cujos ouvidos ainda são virginais: nunca foram penetrados. E é preciso saber falar ... Somente sabem falar os que sabem fazer silêncio e ouvir. E, sobretudo, os que se dedicam à difícil arte de advinhar: advinhar os mundos adormecidos que habitam os vazios do outro. As mil e uma noites são a estória de cada um. Em cada um mora um sultão. Em cada um mora uma Sherazade. Aqueles que se dedicam à sutil e deliciosa arte de fazer amor com a boca e o ouvido (estes órgãos sexuais que nunca vi mencionados nos tratados de educação sexual...) podem ter a esperança de que as madrugadas não terminarão com o vento que apaga a vela, mas com o sopro que a faz reacender-se.”
(Rubem Alves)
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